26 de mar. de 2013

Síndrome de Pusher


O distúrbio cerebrovascular persiste como importante causa de incapacidade funcional no mundo todo. A hemiparesia (paralisia de um lado do corpo), constante nesses casos, resultado da lesão dos neurônios motores superiores (cerebral), que controlam os músculos contra lesionados  e gera alterações de equilíbrio e incapacidade funcional. Além do controle motor, alterações de atenção e percepção colaboram para a instabilidade postural e costumam ser mais frequentes após lesão no hemisfério cerebral direito. Dentre as diferenças percepto-motoras ocorridas após um AVE, a Síndrome de Pusher (SP), presente em cerca de 10% dos casos, é uma das mais incapacitantes.

A SP é caracterizada por queda para o lado parético, tendência de se empurrar com o lado não parético para o lado parético e resistência à correção postural externa. É comum após lesão póstero-lateral do tálamo, que pode acarretar interpretação errônea da verticalidade.
Se fixados a uma cadeira inclinável no plano frontal, sem informação visual, indivíduos com SP referem estar com alinhamento corporal adequado quando, na verdade, estão inclinados lateralmente em cerca de 20 graus. Entretanto, a percepção de verticalidade visual não está alterada, já que conseguem posicionar corretamente um feixe de luz e objetos na posição vertical, mesmo quando mantêm o tronco desalinhado.

TRATAMENTO
O tratamento fisioterapêutico tem uma abordagem com condutas como: conscientização do desalinhamento postural; treino do uso de elementos no ambiente, como pistas para auxiliar no alinhamento corporal; estimulação somatossensorial para compensar a dificuldade de integração dos sistemas visual e vestibular; treino dos movimentos necessários para atingir e manter a postura alinhada; manutenção da postura alinhada durante a realização de uma tarefa associada; transferência de peso nas posturas sentada e em pé, em diversas direções; transferência da posição sentada para ortostatismo, utilizando o membro não parético como apoio; e treino de marcha.
Em relação ao tempo de tratamento, não há um consenso na literatura do tempo ideal para um acompanhamento fisioterapêutico, em geral, indivíduos com SP têm recuperação mais longa do que indivíduos com AVE sem essa alteração.
Além disso, a presença da heminegligência (negação de um lado do corpo) associada à SP parece influenciar no prognóstico, aumentando o tempo de recuperação.







Texto: Gabriel Almada
Edição: Leonardo Fratti Neves

REFERÊNCIAS
VOOS, Mariana Callil; OLIVEIRA, Tatiana de Paula; PIEMONTE, Maria Elisa Pimentel. Diretrizes para avaliação e tratamento fisioterapêutico da Síndrome de Pusher: estudo de caso. Fisioterapia e Pesquisa, São Paulo, v.18, n.4, p. 323-8, out/dez. 2011.

7 de mar. de 2013

Luxação de ombro


Luxação é o nome que se dá quando uma determinada extremidade óssea ultrapassa os limites articulares. Em uma luxação de ombro, ocorre a separação das superfícies articulares e pode ser causada por forças diretas ou indiretas aplicadas sobre o ombro. Na grande maioria dos casos este evento ocorre devido à instabilidade pré-existente na articulação. Existem algumas particularidades relacionadas, acompanhadas de seus mecanismos de lesão.

• Luxação traumática anterior do ombro: Esta luxação ocorre quando o braço encontra-se afastado do corpo (braço aberto) e em rotação externa. Esta luxação normalmente está associada à ruptura completa dos músculos que compõem o manguito rotador. Durante a luxação, podem ocorrer lesões neurológicas (nervos periféricos) ou vasculares.

 • Luxação traumática posterior do ombro: Esta luxação ocorre quando o ombro encontra-se em flexão, próximo a linha média do corpo (aduzido) e em rotação interna. A incidência esta relacionada a uma força aplicada sobre o úmero, associado do posicionamento descrito a cima, geralmente quando caímos sobre o braço totalmente estendido.


 • Luxação recorrente: Ocorre quando há frouxidão ligamentar e articular, gerando instabilidade na articulação. Neste caso podem ocorrer subluxações ou luxações multidirecionais, muitas das vezes sem indícios de dor ou desconforto. Após uma luxação aguda (recente) os sintomas incluem muita dor e os grupos musculares envolvidos na articulação respondem com contração, com o objetivo de protegê-la. Podem ocorrer restrições articulares devido a aderências provenientes de uma cicatrização inadequadas. Rupturas de tendões e ligamentos indicam uma lesão mais acentuada e necessita de intervenção cirúrgica para reconstrução das estruturas afetadas.









Tratamento: 
 Inicialmente, classificada como fase de proteção, a restrição das atividades é recomendada de 6 a 8 semanas em um indivíduo jovem. Na primeira semana o braço pode permanecer imobilizado devido à defesa muscular e a dor. Neste caso a o uso do gelo e dos outros recursos fisioterapêuticos, tais como a eletroterapia são extremamente indicados para diminuir a inflamação e, consequentemente a dor, proporcionando uma mobilização precoce da articulação. Essa ultima conduta tem como objetivo diminuir a restrição do movimento. Técnicas de terapia manual são extremamente importantes para proporcionar o relaxamento da musculatura que se encontra retraída devido a lesão, para que a mesma possa ser mobilizada sem gerar desconforto ao paciente. Partindo para uma segunda etapa de tratamento, em que o paciente começa a tolerar movimentos articulares mais amplos, iniciam-se exercícios que melhorem a sua amplitude de movimento (ADM) e fortalecimento muscular, lembrando que o tempo de imobilização inicial contribui para a perda de massa muscular. Se o paciente luxou a articulação praticando algum esporte ou se pretende voltar a praticar alguma modalidade que exija muito do ombro luxado, podem-se associar os movimentos característicos do mesmo com resistência, chamados exercícios funcionais, proporcionando uma reabilitação mais específica.


Autor: Gregório Weinmann
Edição: Manoela Heinrichs


 Bibliografia: Kisner C. e Colby L; Exercícios terapêuticos fundamentos e técnicas. 5 edição; Ed. Manole; SP, 2009.