O
distúrbio cerebrovascular persiste como importante causa de incapacidade
funcional no mundo todo. A hemiparesia (paralisia de um lado do corpo), constante nesses casos, resultado da
lesão dos neurônios motores superiores (cerebral), que controlam os músculos contra lesionados e gera alterações de equilíbrio e incapacidade funcional. Além
do controle motor, alterações de atenção e percepção colaboram para a
instabilidade postural e costumam ser mais frequentes após lesão no hemisfério cerebral direito. Dentre as diferenças percepto-motoras ocorridas após um AVE, a
Síndrome de Pusher (SP), presente em cerca de 10% dos casos, é uma das mais
incapacitantes.
A
SP é caracterizada por queda para o lado parético, tendência de se empurrar com
o lado não parético para o lado parético e resistência à correção postural
externa. É comum após lesão póstero-lateral do tálamo, que pode acarretar
interpretação errônea da verticalidade.
Se
fixados a uma cadeira inclinável no plano frontal, sem informação visual,
indivíduos com SP referem estar com alinhamento corporal adequado quando, na
verdade, estão inclinados lateralmente em cerca de 20 graus. Entretanto, a
percepção de verticalidade visual não está alterada, já que conseguem
posicionar corretamente um feixe de luz e objetos na posição vertical, mesmo
quando mantêm o tronco desalinhado.
TRATAMENTO
O
tratamento fisioterapêutico tem uma abordagem com condutas como:
conscientização do desalinhamento postural; treino do uso de elementos no
ambiente, como pistas para auxiliar no alinhamento corporal; estimulação
somatossensorial para compensar a dificuldade de integração dos sistemas visual
e vestibular; treino dos movimentos necessários para atingir e manter a postura
alinhada; manutenção da postura alinhada durante a realização de uma tarefa
associada; transferência de peso nas posturas sentada e em pé, em diversas
direções; transferência da posição sentada para ortostatismo, utilizando o
membro não parético como apoio; e treino de marcha.
Em
relação ao tempo de tratamento, não há um consenso na literatura do tempo ideal
para um acompanhamento fisioterapêutico, em geral, indivíduos com SP têm
recuperação mais longa do que indivíduos com AVE sem essa alteração.
Além
disso, a presença da heminegligência (negação de um lado do corpo) associada à SP parece influenciar no
prognóstico, aumentando o tempo de recuperação.
Texto: Gabriel Almada
Edição: Leonardo Fratti Neves
REFERÊNCIAS
VOOS,
Mariana Callil; OLIVEIRA, Tatiana de Paula; PIEMONTE, Maria Elisa Pimentel. Diretrizes para avaliação e tratamento
fisioterapêutico da Síndrome de Pusher: estudo de caso. Fisioterapia e
Pesquisa, São Paulo, v.18, n.4, p. 323-8, out/dez. 2011.